Foi aos 40 minutos de uma quarta-feira (8 de junho de 2005) que o locutor Fiori Gigliotti viu “fecharem-se as cortinas” de uma vida ponteada de frases célebres, que levaram lirismo às narrações de jogos.
Durante 58 anos ininterruptos Fiori Gigliotti empunhou microfones de rádios brasileiras, numa jornada que começou na Lins Rádio Clube (1947), com passagens pela Jovem Pan, Bandeirantes e Capital.
“Meu primeiro encontro com o Fiori foi em meados da década de 1980, quando ele trabalhava na Rádio Bandeirantes”, recorda nosso presidente José Guimarães Junior (com Fiori Gigliotti à direita, em maio/2005). “Fui entrevistado por ele, para contar as nossas primeiras aventuras na Europa. A partir daí, mantivemos uma amizade muito sólida. Ele sempre falava com muito carinho dos atletas do Pequeninos do Jockey”.
As flores em vida
O Clube Pequeninos do Jockey teve a honra de homenagear Fiori Gigliotti por tres ocasiões. Ele recebeu pessoalmente o nosso Troféu em Homenagem à Imprensa nos anos de 1996 e 2005. “Em 2006, ele também receberia este prêmio, como marco dos 10 anos da nossa primeira homenagem a ele”, relata o técnico Gomes (à esq. com Fiori em foto de 1996). “Mas quando eu fui entregar o convite para a cerimônia, ele já estava muito doente, acamado. Semanas depois ele faleceu, e eu entreguei postumamente o troféu para a sua família”.
Um ano e um mes antes do seu falecimento, Fiori Gigliotti esteve no nosso Salão Histórico, para receber o Troféu em Homenagem à Imprensa de 2005.
Em seu discurso de agradecimento, o inigualável narrador exaltou o clima familiar que envolve os associados do Pequeninos do Jockey. “Quando estou aqui, com vocês, me sinto transportado para minha terra natal, é como se eu estivesse olhando pro meu Tietezão [referência ao Rio Tietê, que margeia a cidade de Barra Bonita, onde Fiori nasceu]”.
O apego de Fiori Gigliotti com os Pequeninos do Jockey carregava um antigo laço de ternura. Afinal, foi como apresentador do programa infantil de auditório Alô, Gurizada! que ele deu seus primeiros passos nas emissoras de rádio nacionais.
O rádio esportivo brasileiro deve a Fiori Gigliotti muitas idéias geniais. Foi dele a sugestão para criar o qudro Rádio Camanducaia no Show de Rádio, na Jovem Pan. Este programa é pai dos atuais programas humorístico-esportivos.
Também foi de Fiori Gigliotti a iniciativa de se homenagear antigos ídolos do futebol que, depois da glória, cairam no esquecimento e até mesmo na miséria. O seu Cantinho da Saudade hoje é imitado por outros radialistas e sites sobre futebol.
“Crepúsculo do jogo”*
Fiori Gigliotti fazendo anotações da final do Paulistão 2003. Foto: Marcelo Santos
Da garganta de Fiori Gigliotti brotaram frases célebres, que encheram de literatura as narrativas de jogos. “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo” era o seu bordão inicial. Ao longo da partida, os ouvintes eram brindados com belos lances verbais como “balão subiu, balão caiu”, “é fogo, torcida brasileira!”, e o agoniante (para quem estava perdendo) “o teeempo passa...”.
E o tempo de Fiori chegou à sua etapa conclusiva quando foi comentarista de jogos na Rádio Capital.
A voz que abrilhantou o “escrete do rádio” calou-se aos 77 anos de vida, por falência múltipla de órgãos.
Na internet há um comovente texto de Nilson Xavier sobre a vida de Fiori Gigliotti (leia aqui).
Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito compuseram o samba As flores em vida, cujos versos cabem direitinho na voz eterna de Fiori Gigliotti:
“(...)(O título e o segundo sub-título desta postagem são dois outros bordões de Fiori Gigliotti)
Me deem as flores em vida
O carinho, a mão amiga
Para aliviar
meus ais.
Depois, quando eu me chamar saudadee
Não preciso de vaidade
Quero preces, e nada mais”
À esquerda Fiori Gigliotti no Salão Histórico em maio/2005 para receber o Troféu em Homenagem à Imprensa. (Dir.) O convênio entre o Pequeninos do Jockey e o São Paulo FC tem como avalista Fiori Gigliotti. Fotos: Luthio
Um comentário:
O unico e eterno, Fiori Gigliotti a voz do rádio, como é bom recordar! Que ele seja feliz no reino do céu! Nunca vou te esquecer!
Lembraças de uma voz do rádio!
Carlos Eduardo Cavichioli - Broinha
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