David da Silva
Minutos
antes de começar o jogo, um bode teve sua cabeça cortada no meio do campo. Os
jogadores passaram um pouco do sangue do bicho no rosto e nas chuteiras, para
dar sorte.
Esta
foi uma das histórias que o atacante Azulão contou para Guimarães sobre os
cinco meses em que jogou na Turquia pelo Gazientep BB (foto acima).
O craque visitou ontem o Salão Histórico do
Clube Pequeninos do Jockey, time que o levou pela primeira vez à Europa, quando ele tinha 14 anos de idade.
Tiago
Lima Leal ganhou o apelido de Azulão aos 10 anos, quando começou a treinar no
Ceret, no Tatuapé, tendo como técnico o ex-atleta Biro-Biro. A roupa de treino
era toda azul, e o apelido pegou.
Azulão
sempre teve o apoio de seu pai, Carlos, que era boleiro nos times de várzea de
Guianazes, onde a família mora na zona leste paulistana. Carlos chegou a bater
bola com Zé Roberto na várzea da zona leste. “O Zé já treinava no Pequeninos do
Jockey, e sempre chamava meu pai pra vir junto; ele nunca quis”, conta Azulão.
Dois
anos depois de entrar no Ceret, durante uma partida contra a Portuguesa os
olheiros da Portuguesa de Desportos gostaram do jogo de Azulão. O garoto então
com 12 anos foi para o time do Canindé. Ali ficou também por dois anos.
Quando
houve uma dissidência de dirigentes da Lusa, alguns treineiros montaram o clube
Boa Vista, no bairro do Pari. E Azulão foi junto. Estava já com 14 anos, e
começava a se firmar como atacante diferenciado.
O chamado do velho
Guima
Em
2002 Guimarães falou ao técnico Zé Silva, do Boa Vista, que precisava de um
atacante para ir com o Pequeninos do Jockey para a Europa. Azulão foi levado
até o campo da Chácara do Jockey para um amistoso contra o Botafogo de Ribeirão
Preto. O moleque entrou no segundo tempo, marcou um gol e deu o passe para um
outro. O velho Guima não teve dúvidas. E acertou em cheio. Na 17ª viagem do
Pequeninos do Jockey para disputar quatro copas mundiais infanto-juvenis em
quatro países da Escandinávia, Azulão foi o artilheiro com 57 gols. Trouxe
ainda outro troféu. A cada temporada europeia, Guimarães estimula seus atletas
a fazer um texto sobre a viagem. E Azulão foi também campeão na escrita.
Se
isto não bastasse, foi eleito entre os 11 melhores para compor o All Star Team
da Gothia Cup’2002, disputada anualmente na Suécia.
De
volta ao Brasil, Azulão entrou para o São Paulo FC. Jogou lá por cinco anos,
passando pelo infantil, juvenil, juniores, até se profissionalizar.
Azulão visita Guimarães na Sala de Troféus do CPJ. Foto: David da Silva |
Com a perna no
mundo
Cumprido
seu compromisso com o Tricolor paulista, Azulão foi para Minas Gerais jogar no
Social, da cidade de Coronel Fabriciano, pelo Campeonato Mineiro de 2008.
Em
junho daquele ano Azulão foi para o Rio de Janeiro vestir as cores do Madureira
e disputar a série C.
O
ano terminou, e depois de passar Natal e Ano Novo com a família, Azulão voltou
para Minas Gerais, desta vez para atuar no Guarani, de Divinópolis. Deu azar de
o time cair, e voltou para casa.
Depois
de cinco dias de espera, o telefone tocou. Era seu empresário Alberto Zini
Junior, e Azulão arrumou as malas, pegou o passaporte e voou para a Turquia.
Jornal da Turquia dá destaque a Azulão - Foto: Reprodução |
O capitão gordo
Azulão
jogou na cidade turca de Gaziantep, no time com o mesmo nome da cidade.
A
maior dificuldade foi a alimentação. Teve de comer muita sopa e carne de
cabrito.
E
amargou muito banco. O camisa 10 era também o capitão do time, e não abria uma
brecha para Azulão mostrar seu futebol. “Ele era um cara gordinho, muito
bacana, mas acho que tinha medo de eu conquistar a posição”, relembra.
Agora
Azulão está estudando algumas propostas de times que saibam aproveitar este
atacante de 21 anos que conhece o caminho do gol.
Tiago Azulão com o Pequeninos do Jockey na Suécia em 2002 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário